quinta-feira, 10 de abril de 2008

Clonagem e a Religião - a posição da igreja



Uma coincidência a ser analisada inicialmente é que a clonagem animal veio através da ovelha, símbolo da redenção humana no imaginário cristão. Inúmeras vezes Jesus Cristo se refere ao “rebanho” nos seus evangelhos. A “anunciação” de um novo tempo, portanto, se deu através de Dolly, produzida operacionalmente desde julho de 1996 nos laboratórios da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Esse fato gerou reações contraditórias que foram desde o enaltecimento da ciência até sua completa rejeição. Repentinamente a clonagem ficou polarizada entre manifestações de endeusamento ou de demonização.
Posição da Igreja...

Segundo o padre Júlio Monari, ex-assessor de Dom Paulo Evaristo Arns e atual professor de História do Cristianismo e Bioética do Instituto Teológico Pio XIX e do Centro Universitário Assunção, a igreja católica defende a existência de vida humana, desde a fecundação, como algo divino. "A vida humana é um dom de Deus, só Ele é senhor da vida, nesse sentido ela reveste-se de um caráter sagrado. O mandamento bíblico não matarás é indicador desta sacralidade, abrange a vida desde a fecundação até a morte natural. Não é permitido portanto, destruir um embrião para obter células tronco, como tampouco abreviar a vida de um ser humano para extrair órgãos para um transplante, a fim de salvar outra vida", afirma padre Monari. Assim, a clonagem com finalidade terapêutica é rejeitada pelo catolicismo, pois quando se trata de extrair células tronco de um embrião acaba-se infringindo o mandamento "Não matarás". "O embrião já é uma vida, que deve ser respeitada por inteiro", afirma padre Monari.

A Carta Encíclica Evanqelium Vitae de João Paulo II, não aborda diretamente a clonagem reprodutiva ou terapêutica. No entanto, condena todas as formas de reprodução artificial. Na Carta, as técnicas científicas de reprodução estão lado a lado com outras ações repudiadas pela igreja, como o aborto, a eutanásia, o suicídio e o homicídio. Padre Júlio Monari afirma que o único meio de reprodução humana admitido pelo catolicismo é originado da relação entre homem e mulher. "A Igreja não permite em hipótese alguma a fecundação in vitro, seja ela homóloga, feita com os gametas do casal, ou heteróloga, com um óvulo ou espermatozóide que não provém do casal", afirma ele.


A busca pela imortalidade


Adão foi instigado por Eva -- clonada pelo Criador, a partir de células de uma costela do primeiro -- a comer o fruto da árvore da sabedoria, aquela que se referia ao ‘bem’ e ao ‘mal’. Repentinamente Adão descobre-se um ser nu, frágil, precário. E Deus expulsa-o do paraíso, antes de ele provar o fruto da segunda árvore, a da vida, que lhe daria a imortalidade.

Desde então, Adão e seus descendentes perseguem o mito da imortalidade, tentando contornar a precariedade da existência humana. As tentativas vêm desde a antigüidade, passando por René Descartes [filósofo francês, (1596-1650)], que em 1630 já perseguia o sonho da medicina infalível, até o limiar do século 21, através de projetos extraordinários, como o desejo de o homem alcançar Marte e outras paragens do sistema planetário, à procura de novidades e melhorias.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Clonagem

Um aspecto essencial no debate sobre a moralidade da clonagem em humanos diz respeito à vulnerabilidade dos futuros indivíduos geneticamente idênticos. Os críticos mais radicais usam esse entre outros argumentos para classificarem os avanços da ciência como perigosos. É impossível, entretanto, imaginar nossa sociedade como eterna ou imutável. Por outro lado, os benefícios decorrentes do progresso científico precisam ser alcançados. Resta então agir – e permitir a continuidade das pesquisas -- com prudência e tolerância, sabendo respeitar os limites entre o necessário e o possível.

A clonagem é uma forma de reprodução assexuada que existe naturalmente em organismos unicelulares e em plantas. Este processo reprodutivo se baseia apenas em um único patrimônio genético. Nos animais ocorre naturalmente quando surgem gêmeos univitelinos. Neste caso ambos novos indivíduos gerados tem o mesmo patrimônio genético. A geração de um novo animal a partir de um outro pré-existente ocorre apenas artificialmente em laboratório Os indivíduos resultantes deste processo terão as mesmas características genéticas cromossômicas do indivíduo doador, ou também denominado de original.

A clonagem em laboratório pode ser feita, basicamente, de duas formas: separando-se as células de um embrião em seu estágio inicial de multiplicação celular, ou pela substituição do núcleo de um óvulo por outro proveniente de uma célula de um indivíduo já existente.